Todos os artigos de Tonho

Os trés lugares

1.1.5. Os trés lugares.

Assina designamos os vizinhos ao enclave linguístico, ainda que pensamos que com esta denominaciõ nõ fazemos referencia de forma concreta ao val. A utilizamos quando as pessoas alheias ao enclave nos perguntam sobre as nossas falas. Sempres contestamos que assina falamos nos lugares de Elhas, Sã Martim de Trebelho e Valverde.

As pessoas mais velhas de Valverde chamam lugal à parte da vila que mora cerca da praça e da igreja. É de presumil que, por os motivos de melhor defesa, estes lugares se assentaram trás as muralhas ou fortificaciõs que se levantaram nas partes mais elevás do terreno. Se estamos em Valverde e vemos ao nosso guelo no bairro que se conhoce como o Abanico e le perguntamos  Ondi vas guelo?, nos responderá que vai ao lugal. Esta resposta nos estranhará porque o Abanico para nós está dentro do lugal, nõ está separau. Mas sempres nõ foi assina. Somos da opiniõ de que os maiores das Elhas e de Sã Martim de Trebelho tamém utilizam o nome de o lugal com o mesmo significau.

Resumindo, quando dizemos os trés lugares falamos do sítio físico no que moram as pessoas que falam mas nõ de toda a superfície que ocupam. Nõ falamos nestes causos do val. Estamos falando do terreno por o que discorrem as vias, e praças com as suas casas e edifícios, nas quais habitamos as pessoas que falamos.

xálima

Denominaciõs do val

1.1.4. Denominaciõs do val.

Como dávamos a conhocel ao encetal este tema do enclave linguístico nõ existe ũa maneira consensual de chamal ao nosso val.

A denominaciõ mais utilizá é VAL DE XÁLIMA. Pudera sel que esta aceciõ começara a utilizar-se trás a visita do etnógrafo e filólogo portugués dom José Leite de Vasconcelos, que nos princípios do século passau examinou o val hospedando-se em casa de pessoas principais de Sã Martim de Trebelho, escrivindo os resultaus das suas investigaciõs na sua Revista Lusitana. Nesta publicaciõ identificava o val como Val de Xalma -na sua forma portuguesa- ou como Xálima, forma local de nombral o pico as gentes dos trés lugares.

Os trabalhos de Leite de Vasconcelos foram conhocius e referenciaus por os filólogos que desde entonces estudiaram as nossas falas e por aqueles que inda agora as seguem estudando.

Pensamos que esta é a razõ por a que se popularizou esta denominaciõ, como o feito de que os primeiros vizinhos do val que sacaram à luz as nossas falas nos meios culturais foram os manhegos os que, por havel recebiu no sei lugal ao filólogo portugués, supessem daqueles escritos e da forma de nomeal ao nosso val nos mesmos.

Este nome fai referencia à elevaciõ sobre a que se assenta o terreno. Outra designaciõ, neste causo tomando como ponto de vista a cunca dum rio, é VAL DO RIO ELLAS, mais atual e que prevalece nas obras dos filólogos vindos de Galiza como o senhol doctor em filologia galega por a universidai de Santiago de Compostela, catedrático em historia e dialetologia do galego e professor da universidai de Vigo, don Xosé Enrique Costas González:  O valego. As falas de orixe galega do Val do Ellas (Cáceres – Estremadura). Edicións Xerais de Galicia, S.A., 2013.

enxergando
Sentau frente a Malhá do Rei, divisando a devesa Figuerola.

RIVERA TREVEJANA, a terceira maneira de chamal, neste causo em castelhano, ao nosso val, tamém se relaciona com a cunca, mas nõ dum rio porque ũa ribeira tem a consideraciõ de pequeno arroio de escasso caudal. Ha siu utilizá por investigadores castelhanos, alguns dos quais consideram que esta denominaciõ está mais acertá porque ademais dos trés lugares tamém engloba a Vilamel e Trevelho.

Menos barruntá, VALLE DE VALVERDE. A utiliza fundamentalmente o arqueólogo dom Miguel García de Figuerola nos seis estudos sobre os restos encontraus nestes povos: ARQUEOLOGÍA ROMANA Y ALTOMEDIEVAL DE LA SIERRA DE GATA (El Valle de Valverde. Provincia de Cáceres). 1ª edición. Edita Universidad de Extremadura, Servicio de Publicaciones. Cáceres 1.999

Esta designaciõ se aparta das aceciõs que dã os dicionários para a palavara val.

ribeira de Sabugal

Arroios e rios

1.1.3. Arroios e rios.

Por o território do próprio val nõ escorrem grandes cursos de água natural, salvo no causo do rio Erjas, que brota no término das Elhas.

Tomando o mesmo recorriu Este Oeste, temos em primeiro lugar a Ribeira Trevelhana, que nasce na divisiória dos términos de Valverde e Vilamel. Esta ribeira recebe as águas dos arroios do Telhal, Atalaia, Moncalvo, Bombarõ e Zabagaias; levando todas a vertel no rio Erjas.

O rio Erjas é um afluente, por a man direita, do Tejo. Quando transcorre por o término de Elhas, os maiores o conhocem como o arroio da Soide. Ao sei passo por Valverde recolhe as águas do rio das Adjuntas, Mal Nome, ribeira de Sabugal, rios Pesqueiro e Sobreiro, entre outros. Quando deixa o término de Valverde recebe o escasso caudal do rio Basádega, conhocio na nossa raia como rio Torto. Desde este ponto até desembocal no Tejo vai fazendo fronteira com Portugal.

Elevaciõs mais importantes

1.1.2. Elevaciõs mais importantes.

Sabemos que a Serra de Gata é o ramal ocidental do Sistema Central que discorre com certa inclinaciõ NE-SO, presentando diferências notórias nas suas proeminências, como as ladeiras de fortes pendentes e difícil acesso; os cursos fluviais percorrendo entre cunhas e mutas ramificaciõs da serra que a atravessam ou formando linha paralela com ela.

No referente a orografia, vamos a central-nos unicamente naqueles acidentes que afectam ao nosso val.

Seguindo a trajectória antes apontá, temos primeiramente o Xálima. Com os seis 1.492 metros, é o pico mais alto da Serra. A continuaciõ seguindo em direciõ oeste, nos encontramos com o Espinazo que conta com 1.332 metros de altura. Fazendo linde com a província de Salamanca e com a vizinha República portuguesa, na parte mais ao norte deste val, partindo do término de Valverde, se levanta sobre 1.261 metros o pico das Mezas. Domené Sánchez, Domingo.- HISTORIA DE SIERRA DE GATA.Edición de 2008. Página 7: La piedra que -según la tradición- sirvió de mesa a cuatro obispos, en la que -estando sentado cada cual en su jurisdicción comieron y bebieron amigablemente: el de Ciudad Rodrigo y el de Coria, españoles; y el de Guarda y Viseo, portugueses. La tal piedra da nombre a la Sierra de la Mesa.

Mas tamém poderia sel, desde o nosso ponto de vista, que o nome tuvera que vel com as formaciõs graníticas que aparecem na mesma nascente do Coa.

formaciõs graníticas na nascente do Coa
Formaciõs graníticas na nascente do Coa

Continuando a ruta oeste, mas descendendo ao largo da raia com Portugal, temos o pico dos Enamoraus formando parte da Serra de Malcata, com 939 metros; para terminal na Serra da Malvana com o pico do mesmo nome, o mais ocidental do val, com 865 metros de altura, sendo a porta que nos adentra no ramal portugués do Sistema Central.

Comarca Serra de Gata

Situaciõ

1.1.1. Situaciõ.

Os municípios falantes que configuram o enclave pertencem à comarca cacerenha de Serra de Gata. Dentro dela se assentam na banda mais ocidental, formando fronteira com a vizinha república de Portugal; por o Norte confinam com a província de Salamanca, e ao Nascente e ao Sul com o resto dos municípios da comarca.

comarca Serra de Gata
Detalhe comarca Serra de Gata

A superfície que ocupam é de 252,28 km2 , sendo o município mais extenso o de Valverde, que tem 196,76 km2 ; seguiu de Elhas com 32,55 km2 e finalmente Sã Martim de Trebelho, com 24,76 km2.

No nosso val, assina como na comarca por o comum, se dá a circunstância de que existem duas faixas de terreno bem delimitás, ao Norte as elevaciõs da serra de Gata, mentres que conforme descendemos ao Sul chegamos a peni lhanura, para terminal a comarca nas peneplanícies de rego que formam o val do rio Árrago.

O Xálima

O enclave linguístico

1.1. O enclave linguístico.

A primeira aceciõ que dá o dicionário da Real Academia da Língua espanhola, na sua vigésimo terceira ediciõ, para o substantivo valle, di que se trata de ũa llanura entre montes e alturas. A segunda aceciõ diz que se trata de ũa cuenca dum rio.

Se lançamos esta mesma consulta no portal diccionarios.com, de Larousse Editorial; se volve a definil, desde o ponto de vista da GEOGRAFIA, com os dois significaus anteriores; afirmando que se trata de ũa depressiõ de terreno alargá, mais ou menos ancha, situá entre montanhas ou tamém como a cunca de um rio.

Seguindo as anteriores definiciõs, um val é ũa extensiõ de terreno, na maior parte dos causos alargá, que se situa entre montanhas, que pode tel ou nõ um rio regando as suas terras ao que vã a morrel os demais arroios mais ou menos temporais que se formam quando chove.

Consideramos oportuno apuntal estas definiciõs para o conceito de val porque, como veremos depois, há varias oponiõs para denominal ao nosso val.

escrivindo

Introduciõ.

Apesar de que nõ todos os falantes das Elhas, Sã Martim de Trebelho e Valverde do Fresno defendem ũa normativa unitária para os trés lugares, sendo reticentes a que poda leval consigo um empobrecimento da riqueza dialetal, os autores desta proposta pensamos que a necessidai de uns critérios orientadores da escritura é cada vé mais reclamá por as pessoas que de ũa forma ou outra venem escrivindo na “fala” ou língua de Xálima nos últimos tempos. A irrupciõ das telecomunicaciõs e a apariciõ da Internet hã acentuau inda mais esta necessidai, já que as que asta fai poico unicamente eram ũas falas locais, devem cumpril agora novas funciõs comunicativas, relacionando, por exemplo na rede, os usuários deste val.

Sendo cada vé mais consensual a necessidai de ũa normativa, o que nõ o é tanto é quais hã de sel as fundaciõs em que se assente a proposta ortográfica. Para uns, sobretodo filólogos galegos, a base devem sel as Normas Ortográficas e Morfológicas do Idioma Galego (1982), oficiais na Comunidai Autónoma de Galícia. Para outros, ũa norma para a língua de Xálima nõ precisa de tel em conta critérios normativos alheos, e pode elaboral-se partindo de zero. Em qualquer caso, ambas propostas compartem, na prática, que o modelo ortográfico que se deve seguil é o do castelhano, já que esta é a ortografia que melhor conhocem os “falantes”.

A terceira proposta é a nossa, que se opõ às anteriores precisamente em relaciõ à ortografia. Do nosso ponto de vista, a língua dos trés lugares do val de Xálima é conformá por um conjunto de trés “falas” que formam parte do sistema galego-portugués e devem sel solidárias com a tradiciõ gráfica do romance mais ocidental da Península ibérica. Essa tradiciõ gráfica é a que continuou a cultival o portugués, quando as outras duas ramas do galaico-portugués (o galego, por um lado, e a fala do val de Xálima, por outro) quedaram na órbita política de Castilha. É verdai que em 1982 o galego oficial adota a ortografia espanhola, pero mutos galegos usam ũas normas alternativas que se inspiram no modelo do portugués.

Por outro lado, na nossa opiniõ, qualquer política linguística aplicada no val de Xálima deve passal por a introduciõ do portugués no ensino como língua estrangeira obrigatória. Nõ procedel desta forma seria desaproveital a enorme primazia que os “falantes” tenem, em relaciõ ao resto dos estremenhos, para aprendel esta língua com projeciõ internacional e significaria renuncial também ao reforço linguístico das falas através da língua do estado vizinho, que conta com ferramentas às quais seria injusto fazel renuncial aos habitantes do val. A associaciõ A Nosa Fala, cooperando com as autoridais municipais, com a Universidai, a Junta estremenha e com organismos portugueses como o Instituto Camões deveria portanto trabalhal eficazmente nesta direciõ.