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Os trés lugares

1.1.5. Os trés lugares.

Assina designamos os vizinhos ao enclave linguístico, ainda que pensamos que com esta denominaciõ nõ fazemos referencia de forma concreta ao val. A utilizamos quando as pessoas alheias ao enclave nos perguntam sobre as nossas falas. Sempres contestamos que assina falamos nos lugares de Elhas, Sã Martim de Trebelho e Valverde.

As pessoas mais velhas de Valverde chamam lugal à parte da vila que mora cerca da praça e da igreja. É de presumil que, por os motivos de melhor defesa, estes lugares se assentaram trás as muralhas ou fortificaciõs que se levantaram nas partes mais elevás do terreno. Se estamos em Valverde e vemos ao nosso guelo no bairro que se conhoce como o Abanico e le perguntamos  Ondi vas guelo?, nos responderá que vai ao lugal. Esta resposta nos estranhará porque o Abanico para nós está dentro do lugal, nõ está separau. Mas sempres nõ foi assina. Somos da opiniõ de que os maiores das Elhas e de Sã Martim de Trebelho tamém utilizam o nome de o lugal com o mesmo significau.

Resumindo, quando dizemos os trés lugares falamos do sítio físico no que moram as pessoas que falam mas nõ de toda a superfície que ocupam. Nõ falamos nestes causos do val. Estamos falando do terreno por o que discorrem as vias, e praças com as suas casas e edifícios, nas quais habitamos as pessoas que falamos.

escrivindo

Introduciõ.

Apesar de que nõ todos os falantes das Elhas, Sã Martim de Trebelho e Valverde do Fresno defendem ũa normativa unitária para os trés lugares, sendo reticentes a que poda leval consigo um empobrecimento da riqueza dialetal, os autores desta proposta pensamos que a necessidai de uns critérios orientadores da escritura é cada vé mais reclamá por as pessoas que de ũa forma ou outra venem escrivindo na “fala” ou língua de Xálima nos últimos tempos. A irrupciõ das telecomunicaciõs e a apariciõ da Internet hã acentuau inda mais esta necessidai, já que as que asta fai poico unicamente eram ũas falas locais, devem cumpril agora novas funciõs comunicativas, relacionando, por exemplo na rede, os usuários deste val.

Sendo cada vé mais consensual a necessidai de ũa normativa, o que nõ o é tanto é quais hã de sel as fundaciõs em que se assente a proposta ortográfica. Para uns, sobretodo filólogos galegos, a base devem sel as Normas Ortográficas e Morfológicas do Idioma Galego (1982), oficiais na Comunidai Autónoma de Galícia. Para outros, ũa norma para a língua de Xálima nõ precisa de tel em conta critérios normativos alheos, e pode elaboral-se partindo de zero. Em qualquer caso, ambas propostas compartem, na prática, que o modelo ortográfico que se deve seguil é o do castelhano, já que esta é a ortografia que melhor conhocem os “falantes”.

A terceira proposta é a nossa, que se opõ às anteriores precisamente em relaciõ à ortografia. Do nosso ponto de vista, a língua dos trés lugares do val de Xálima é conformá por um conjunto de trés “falas” que formam parte do sistema galego-portugués e devem sel solidárias com a tradiciõ gráfica do romance mais ocidental da Península ibérica. Essa tradiciõ gráfica é a que continuou a cultival o portugués, quando as outras duas ramas do galaico-portugués (o galego, por um lado, e a fala do val de Xálima, por outro) quedaram na órbita política de Castilha. É verdai que em 1982 o galego oficial adota a ortografia espanhola, pero mutos galegos usam ũas normas alternativas que se inspiram no modelo do portugués.

Por outro lado, na nossa opiniõ, qualquer política linguística aplicada no val de Xálima deve passal por a introduciõ do portugués no ensino como língua estrangeira obrigatória. Nõ procedel desta forma seria desaproveital a enorme primazia que os “falantes” tenem, em relaciõ ao resto dos estremenhos, para aprendel esta língua com projeciõ internacional e significaria renuncial também ao reforço linguístico das falas através da língua do estado vizinho, que conta com ferramentas às quais seria injusto fazel renuncial aos habitantes do val. A associaciõ A Nosa Fala, cooperando com as autoridais municipais, com a Universidai, a Junta estremenha e com organismos portugueses como o Instituto Camões deveria portanto trabalhal eficazmente nesta direciõ.